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Ciclo de Palestras no CEMIB

Bem estar, legislação e novas tecnologias envolvendo a área de ciência em animais de laboratório encerram ciclo de palestras organizado pelo CEMIB.

O aperfeiçoamento permanente dos profissionais que atuam na área da ciência em animais de laboratório e o contato com técnicas inovadoras e mais eficientes formaram a ténica das discussões realizadas na manhã da última sexta-feira (10) no CEMIB, durante o encerramento do ciclo de palestras de atualização dos servidores técnicos. As apresentações tiveram como base os temas presentes na programação do 15º Congresso da Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório (SBCAL), do 4º Encontro Latino Americano de Ciência em Animais de Laboratório e na Reunião Anual do International Council on Laboratory Animal Science (ICLAS) – realizados no mês de junho, em GoiÂnia.

Médica veterinária e responsável técnica do CEMIB, Clarice Yukari Minagawa Issei abordou as estratégias para melhorar o bem estar animal, começando pela definição, que pode variar de acordo com a área profissional. Enquanto para o biólogo o bem estar animal pode significar a ausência de sofrimento, para o veterinário pode ser a ausência de doença e para o zootecnista pode estar relacionado com as curvas de produção. Clarice ressaltou, entretanto, que é dever de todos oferecer o melhor de si para proporcionar esse bem estar. A especialista citou ainda as cinco liberdades dos animais, que incluem estarem livres de fome e sede, de desconforto causado por temperatura ou umidade, livres para expressar comportamento e livres de dor, ferimentos e doenças. Para dar conta dessas demandas, o trabalho em equipe é fundamental e cada profissional atua como uma das engrenagens de um sistema.

Técnico do setor de Criopreservação, Robson da Silva Pontes trouxe para a discussão os conceitos apresentados pelos pesquisadores Manuel Berdoy, da Inglaterra, Gilly Griffin, do Canadá, e Cindy Pekow, dos Estados Unidos, palestrantes do Congresso da SBCAL. A conclusão foi que “do berço ao túmulo” o animal de laboratório depende de um responsável e de um plano de ação que deve englobar a prevenção de sofrimento, ferramentas de treinamento e os endpoints, traduzidos como sinais fisiológicos ou comportamentais predeterminados que definem o ponto no qual a dor e/ou sofrimento de um animal experimental é encerrado, minimizado ou reduzido, a partir de ações como a eutanásia, conclusão do procedimento ou com tratamento para aliviar o sofrimento.

Os “Programas de controle de qualidade para roedores”, abordados em Goiânia pela Dra. Marion Berard, uma das fundadoras do Consórcio Europeu de Gnotobiologia, foram apresentados aos técnicos do CEMIB pela supervisora do Laboratório de Controle Sanitário, Josélia Cristina de Oliveira Moreira. Entre as razções para se fazer o controle de qualidade, segundo Josélia, estão a variabilidade de resultados nas pesquisas, a invalidação e não reprodutibilidade dos resultados, a perda de animais e o risco de zoonoses para o profissional. Os elementos a serem monitorados durante o manejo estão incluem as amostras de unidades específicas como racks, isoladores e caixas, o processo de descontaminação, o adoecimento (com ou sem sinais clínicos) e a presença de agentes como bactérias, vírus e fungos. Essas análises podem ser feitas, por exemplo, por meio de testes de isoladores, autoclaves, ou programas sentinela.

Viviane Liotti Dias, técnica do Laboratório de Controle Genético do CEMIB, e Cristiane Vinagre, responsável pelo setor de expedição ressaltaram, entre outros aspectos, o relacionamento entre humanos e animais de laboratório, como lidar com a morte desses animais e os custos éticos. Cristiane pontuou que três sentimentos não podem se perder quando se trabalha com animais de experimentação: a bondade, a misericórdia e a compaixão. Elas apresentaram ainda pontos das legislações existentes, destacando-se a Lei Arouca, o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA) e a Comissão de ética no Uso de Animais (CEUA). Já Viviane apresentou algumas das inúmeras pesquisas realizadas a partir da experimentação animal e que resultaram em benefícios para a humanidade e para os próprios animais, como as vacinas, pesquisas sobre HIV, entre outras.

Fechando o ciclo de palestras, o técnico de bioterismo Rafael Máximo apresentou uma técnica que vem sendo empregada em centros de bioterismo com muito sucesso: a sanitização por vapor de peróxido de hidrogênio. A técnica consiste em empregar esta substância na esterilização de ambientes, uma vez que sendo vapor o perôxido alcança a todos os pontos do ambiente que está sendo tratado. Atualmente, muitos biotérios utilizam o formol. O peróxido de hidrogênio, entretanto, tem se mostrado mais eficiente, pois quebrando as moléculas de DNA e RNA ele mata todos os patógenos do ambiente, além de ser mais seguro do ponto de vista da saúde humana. Entre as vantagens, o componente químico não requer altos níveis de umidade e traz menor dano ambiental. A desvantagem implica em custos.

As apresentações, realizadas nas duas últimas sextas-feiras, demonstram o olhar do CEMIB para o futuro e sua atenção às inovações que vem ocorrendo no setor. A iniciativa promoveu a integração entre as diferentes áreas do Centro de Bioterismo e possibilitou que os técnicos e profissionais da instituição atuassem como multiplicadores do conhecimento. E essa foi uma das contrapartidas do apoio oferecido pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para que os colaboradores pudessem participar do evento em Goiânia.

palestrantes cemib
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